Scap 2018 – “A leitura do corpo negro na cultura brasileira: dilemas, impasses e possibilidades de fortalecimento da luta antirracista”
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Conferência: A leitura do corpo negro na cultura brasileira: dilemas, impasses e possibilidades de fortalecimento da luta antirracista.
Resumo: Os processos de colonização e de escravização dos povos africanos no Brasil se desdobraram continuamente em práticas racistas, mesmo após a abolição em 1888. Ocorre que se por um lado, estes processos deixaram de ter legitimidade oficialmente, nas tramas e no microcosmo da vida social, se metamorfosearam em práticas preconceituosas que se perpetuaram historicamente. O corpo negro, lido com os estigmas de inferiorização, desvalorização da cultura africana e afrodescendente, por parte de uma história oficial que silenciou por mais de 300 anos as narrativas do legado do povo negro no país, somado aos mitos da democracia racial e da meritocracia, forneceram as bases da contínua luta antirracista em pleno século XXI. Sendo o Brasil o último país das Américas a abolir a escravização, criou através do apagamento da contribuição nas artes, na música, na mineralogia, na engenharia, na literatura, de autores, pesquisadores, técnicos negros que ainda hoje poucos são os que acessam estas informações. Autores críticos como MUNANGA (2004), GOMES (2003) analisam em profundidade esta questão e nos estimulam a perceber como o racismo está amalgamado a uma cultura que faz com que a população negra, que estatisticamente soma mais que a metade da população, não tem direito ao reconhecimento (senão em raros casos) sua voz e sua intelectualidade, especialmente em posições de poder. RIBEIRO (2017) ao problematizar sobre o “Lugar de fala”, no campo da filosofia, explicita a importância de construção de narrativas ainda ocultadas nas formulações acadêmicas. A proposta da conferência é exatamente propor através do diálogo com os participantes, a análise profunda do fenômeno do racismo no Brasil em termos de suas bases históricas e epistemológicas, no sentido de fortalecimento da luta antirracista como epicentro do Estado Democrático de Direito, reconhecendo que o racismo se dá nas relações sociais, que também podem ser ressignificadas.
Conferencistas:
Vitória Régia Izaú. Doutora e Mestre em Educação pela FAE/UFMG, docente efetiva da Faculdade de Educação da UEMG onde leciona as disciplinas Organização Social e Técnica do Trabalho Capitalista: profissão docente e Antropologia, Sociedade e Cultura. Realizou Estágio Doutoral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra em Portugal através do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento/CAPES. É integrante do Coletivo Pretas em Movimento em BH. Coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Relações Ético-Raciais (NEPER) na FAE/UEMG.
Luiza da Iola. Adotou seu nome artístico em homenagem à sua mãe adotiva “IOLA”. De formação autodidata, premiada em festivais de música popular no Centro-Oeste mineiro, participou de corais litúrgicos na sua adolescência e esteve, desde a infância, inserida na cultura afro, presente tanto nos festejos de congado, como nas festas de terreiro de candomblé. Reside atualmente em Belo Horizonte, onde se dedica à pesquisa rítmica e à composição usando como referência a influência africana na música afro-latina e brasileira fundida à linguagem pop. Tendo a coletividade como premissa de seus trabalhos, é a idealizadora do projeto “Nós Temos Um Sonho”, um manifesto artístico em denúncia ao genocídio da Juventude Negra que reuniu vozes de 22 artistas mineiros na canção “Deixa o Erê Viver”, composta e dirigida por Sérgio Pererê e lançada em Dezembro de 2016. #DEIXAOEREVIVER é a primeira ação de sensibilização contra extermínio da juventude negra.
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